segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Assistência Social na atualidade e o Espiritismo

Rosana Sarmento
Rosana Sousa de Moraes Sarmento[1]

A trajetória da assistência social trilhou um caminho diferenciado a cada década desenhada na história brasileira. Sendo assim, a atenção dispensada a ela na atualidade pelo movimento espírita precisa atentar a dois aspectos:o que está se entendendo por assistência social e como queremos objetivamente materializá-la dentro de suas casas.

São dois desafios, mas que não são intransponíveis, talvez trabalhosos do ponto de vista de exigir reuniões de diálogo, estudo e reflexão para que possamos ter uma unidade dentro da diversidade de olhares que nos rodeiam, sobre o que é assistência social e como objetivá-la nas casas espíritas.
Penso que a apropriação, pelos trabalhadores da assistência social nas casas espíritas, do conteúdo legal aproximando-se da leitura e compreensão de documentos como a Constituição Federal de 1988, a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (1983) e a Política Nacional de Assistência Social – PNAS (2004) é passoimportante para entender a redefinição dos rumos da assistência socialque passou a ser orientada na perspectiva da proteção social universal e do direito social.

Num segundo momento,retomar as publicações organizadas pela FEB como a Orientação ao Centro Espírita e o Manual de apoio sobre o Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita.Vale esclarecer que este manual foi lançado para subsidiar os grupos, centros e demais instituições espíritas na realização de suas atividades de forma facultativa.Seria buscar o realinhamento da casa espírita para com suas finalidades e propósitos com a assistência social.
Considero que são leituras essenciais aostrabalhadores envolvidos com a tarefa da assistência social, mas que de forma nenhuma exclui os demais setores da casa uma vez que aquele que adentra à casa espírita solicitando uma ajuda que poderá ser material ou não, seguirá um fluxo de atendimento que passará pela recepção e atendimento fraterno que fará a identificação da situação e encaminhará seja para o serviço de assistência social da casa, seja para os serviços de atendimento mediúnico, de saúde ou mesmo para ingressar no estudo sobre o Espiritismo e frequência às doutrinárias.

Assim, a comunicação e o estabelecimento de uma convivência relacional estreita entre setores são imprescindíveis para que a pessoa e/ou família a receber o atendimento assistencial não se sinta repartida em pedaços ou setores. Ele ou ela, quando se apresenta a nós, é um ser integral, que pode estar fragilizado materialmente e/ou espiritualmente ou não, mas carente de um olhar e cuidados samaritanos de alguém que o atenderá fraternamente não se preocupando com o tempo ou recurso que deverá dispor em favor dele ou dela.

As necessidades vividas hoje pelas pessoas tem desenhado um cenário crítico de instabilidade e fragilidade nas relações desencadeando desequilíbrios diversos (físico, psíquico, espiritual, moral e material) o que demanda a assistência social das casas espíritas hoje novos desafios. Não dá mais para abraçar uma assistência social, no improviso e sem planejamento. É preciso conhecer em que território/bairro a casa espírita atua, quais são as necessidades e demandas, público alvo, rede de serviços a quem pode se articular para dar solidez, coerência e agilidade às suas ações.

Não é possível mais, na atualidade, uma assistência social espírita isolada, pontual e imediatista. É preciso associar o fortalecimento do outro materialmente num primeiro momento, mas moralmente e espiritualmente sempre porque esta foi, é e sempre será a missão da casa espírita.

[1]Assistente social, trabalhadora da Associação Espírita Fé e Caridade e da Vice Presidência de Assistência Social da Federação Espírita Catarinense.
Foi publicado In: O Federativo: informativo da Federação Espírita Catarinense, Ano 24 – nº 43, dezembro/2013.


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