O Curso de Capacitação
nasceu das necessidades apontadas pelos próprios trabalhadores para qualificarem
suas ações assistenciais, necessidades estas levantadas nas várias reuniões da
VPAS, em dois anos de contato e aproximação pessoal, escuta e aprendizado pelo
estado de Santa Catarina, mais precisamente nas reuniões das Rodas de Conversa,
dos Núcleos de Estudo e Orientação da Assistência Social – NEASE e dos Encontros
Estaduais dos Trabalhadores da Assistência Social – EASESC.
Nos várias reuniões realizadas,
discutiu-se muito sobre os desafios colocados para a Assistência Social no seu complexo
cenário de mudanças nos modelos de proteção social contidos e regulados pela Constituição
Federal, Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e Política Nacional de
Assistência Social (PNAS). E discutiu-se
também como o Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita, diante desta
conjuntura social brasileira, pode construir seu caminho articulando-se com as
redes de serviços públicos.
O Curso iniciado no sábado
procurará contemplar em seu conteúdo estruturado em três módulos, a capacitação
e qualificação dos trabalhadores, com a intenção de formar um quadro de
seareiros que possam multiplicar em suas respectivas URE’s o conteúdo
trabalhado no Curso (acesse o projeto com o programa completo aqui)
Está direcionado para
todos os envolvidos no trabalho assistencial das Casas: dirigentes,
coordenadores, tarefeiros e assistidos/usuários. Mas, na etapa inicial, a
prioridade serão os diretores de assistência social das 16 URE’s e mais um
trabalhador de cada uma destas.
Acontecerá sempre nos
dias de reuniões do CFE, conforme acordado em reunião da VPAS com as URE’s.
Será realizado pelos Assistentes
Sociais Hélder Sarmento, Rosana Sarmento e Edvaldo Roberto de Oliveira, os dois
primeiros integrantes da Equipe do Setor de Orientação e Apoio Técnico da VPAS
e o último integrante da Equipe da CAPEMISA, Rio de Janeiro.
O módulo de sábado foi ministrado
por Edvaldo Roberto, que trabalhou a evolução histórica da assistência social e
a concepção tradicional de pobreza trazida pelo modelo religioso/filantrópico,
cuja compreensão ele contextualizou no entendimento da Parábola do Mau Rico. A
assistência dada aos pobres tinha nas migalhas que caíam da mesa do rico a
referência de ajuda. Jamais se pensava em ações que ajudassem ao pobre erguer-se do chão e sentar-se à mesa,
para compartilhar com a abundância do rico. Ele tinha de resignar-se a comer as
migalhas do rico. Assim foi construído o modelo de assistência de ordem
natural, com base na migalha, na esmola; a pessoa nascia pobre ou rica porque
Deus a fez geneticamente assim. A Doutrina Espírita rompe a tradição da
concepção naturalista de pobreza e riqueza, como está em o LE, quando Kardec
fala das desigualdades sociais e do primeiro direito do homem, que é o de
viver, não apenas sobreviver.
E diz Edvaldo: “De uma
concepção reducionista, a carência, a pobreza hoje só pode ser compreendida em
suas múltiplas dimensões na perspectiva dos direitos à educação, saúde,
habitação, emprego e participação, inclusive ser ouvido, acolhido e respeitado”.
Como fazer, então na Casa
Espírita, para prestar assistência, com a visão ampliada de
homem integral que o Espiritismo traz , detentor de potenciais imensos e valores subjetivos, de necessidades que vão muito além das carências materiais?
homem integral que o Espiritismo traz , detentor de potenciais imensos e valores subjetivos, de necessidades que vão muito além das carências materiais?
Necessário se faz que o
trabalhador estude, conheça, reflita e compreenda a evolução histórica da
assistência social brasileira; as diferentes concepções de pobreza; as transformações
ocorridas nos modelos de políticas públicas; a mudança do atual paradigma de necessidade
material para o de direito social, para avaliar e reavaliar suas ações
assistenciais na Casa Espírita, observando se elas estão construindo um espaço
de convivência que dê verdadeiramente suporte cristão de atendimento àquele que
chega, independente da condição social, crenças e valores que traz. Um
atendimento que desenvolva estratégias efetivas para ele alterar suas condições
aparentemente limitadoras e potencializar suas capacidades de ação. O acolher,
consolar, esclarecer e orientar passa necessariamente pela dimensão ampliada do
ser imortal, que se apresenta, em alguns momentos, em situação de fragilidade
pessoal e/ou vulnerabilidade social,
precisando de compreensão e suporte afetivo, social e espiritual. Qualquer um de nós pode
estar nesta situação.
Repensemos a Assistência
Social em nossas Casas!
Como referências
bibliográficas do Curso, serão publicados brevemente, neste blog, os Cadernos
de Textos e DVD’ do EASESC 2012 e 2013, assim como o texto produzido pelo
Edvaldo Roberto, intitulado “Uma proposta de atendimento integrado ao ser
integral: articulando o atendimento espiritual e o trabalho social do SAPSE”.
Aguardem!!!
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